Assim como o nome, Maria Flor era meio mulher, meio vegetal. Falava que nem mulher e sonhava como vegetal. Vegetal que sangrava todo mês e nem sabia o motivo, mas fazia gosto de sangrar: a vida ficava menos amarela, de fato.
Numa revista, viu foto clássica de pintor com paleta e pincel em mãos. Arrepiou até a última pétala, quis ter cor de aquarela e perfume de violeta, por desconfiar que cheiro de mofo espantava sonho, tratou logo de usar o perfume (ganhado da antiga patroa) sempre antes de dormir. Era um pecado cometer tal luxo, o pecado do desperdício, que diziam ser o 8º Pecado Capital. Pouco ligava, se tornava mulher por inteira e conseguia sonhar.
Pra um semivegetal, sonhar era proeza das mais ousadas, quase falta de modos de tão absurdo, era a tela do pintor da revista em movimento.
Movimento também era coisa rara, vaidade.
Maria Flor não era feia, tinha sorriso.Motivo pra sorrir era o que faltava um pouco, daí tratava logo de dormir.
O problema foi não lembrar que perfume é coisa que acaba, mesmo com sonho.E junto com o aroma, foram as tintas, quadro e pincel.
Ficou o mofo.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
De crescer.
Descobri que cresci quando parei de sonhar com discos voadores na minha janela.E quando não imaginava mais pra quem eu mandaria beijo no programa da Xuxa.
Também ao ver que chinelo de adulto não sobrava mais no pé, e, portanto não tinha mais graça.
Descobri que cresci, depois de conseguir terminar uma bala de Halls preto sem reclamar nadinha.
E quando me disseram que não precisava prender a respiração pra economizar ar no mundo, não faltaria.
Também, quando não tive mais assuntos pendentes com o chuveiro ciumento.
Percebi que cresci quando desisti de pintar o mundo.
E quando o giz-de-cera passou a lembrar imagens opacas e cada vez mais distantes.
Principalmente, ao explicarem que o arco-íris podia ser explicado, desmistificando a palavra fenômeno.
E ao ter o primeiro contato com a química, que sem pedir, teve a indelicadeza se de apresentar e tirar a magia das coisas-sem-magia.
Percebi, quando o instinto materno bateu na porta tão forte que ensurdeci.Mas cresci mesmo, foi quando me disseram, que amor não é de graça, é desgraça.
Também ao ver que chinelo de adulto não sobrava mais no pé, e, portanto não tinha mais graça.
Descobri que cresci, depois de conseguir terminar uma bala de Halls preto sem reclamar nadinha.
E quando me disseram que não precisava prender a respiração pra economizar ar no mundo, não faltaria.
Também, quando não tive mais assuntos pendentes com o chuveiro ciumento.
Percebi que cresci quando desisti de pintar o mundo.
E quando o giz-de-cera passou a lembrar imagens opacas e cada vez mais distantes.
Principalmente, ao explicarem que o arco-íris podia ser explicado, desmistificando a palavra fenômeno.
E ao ter o primeiro contato com a química, que sem pedir, teve a indelicadeza se de apresentar e tirar a magia das coisas-sem-magia.
Percebi, quando o instinto materno bateu na porta tão forte que ensurdeci.Mas cresci mesmo, foi quando me disseram, que amor não é de graça, é desgraça.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
terça-feira, 9 de outubro de 2007
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
domingo, 23 de setembro de 2007
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
domingo, 19 de agosto de 2007
Ah Minas Gerais:
Silhuetas verdes entediadas na estrada, queijo em forma de pão, poesia sem pretensão.
Causos das língas que aos poucos engolem de tanto prosar.
Ah! Minas Gerais:
-O que te entorta não cresce jamais.
O tempo não te esmaga, Minas Gerais.
E mesmo quem sofre em teu seio, não é capaz de beber de outra fonte.
Silhuetas verdes entediadas na estrada, queijo em forma de pão, poesia sem pretensão.
Causos das língas que aos poucos engolem de tanto prosar.
Ah! Minas Gerais:
-O que te entorta não cresce jamais.
O tempo não te esmaga, Minas Gerais.
E mesmo quem sofre em teu seio, não é capaz de beber de outra fonte.
sábado, 18 de agosto de 2007
domingo, 12 de agosto de 2007
Diafragma Sentimental.
Respirar e ao respirar: Respirar.
Respire um pouco mais.
E só respire, respire.
Respire!
Respire!
Respire...
Até explodir sem vez.
Respire um pouco mais.
E só respire, respire.
Respire!
Respire!
Respire...
Até explodir sem vez.
sábado, 11 de agosto de 2007
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
terça-feira, 31 de julho de 2007
Da avó.
-Mãe!Mãeee, me dá uma bicicleta???
-Ah...mas você já tem uma cadeira de rodas, filho!
[um minuto de silêncio por favor.]
-Ah...mas você já tem uma cadeira de rodas, filho!
[um minuto de silêncio por favor.]
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Dos olhos da atriz
-Corta!Corta!
E ainda nem começou.Eu preciso de luz:
E da cor, e do som e do rouge!
-Palmas,Palmas!
Ensurdecer ao som do calor das mãos vaidosas.
[Se Por aqui resolvo morrer
E n'outra cena sem tom
do sexo zombar
sem gosto ou prazer
Da fantasia o meu poder
e entre um palco e outro:
Ser & não ser.]
As mil poesias com meu nome e olhar, envaidecem-me.
E grito, e grito como quem desfaz do amor
E sem perder de muitas vidas,
troco meu nome, meu roteiro, meu glamour.
E não há sequer um fim de mim.
E ainda nem começou.Eu preciso de luz:
E da cor, e do som e do rouge!
-Palmas,Palmas!
Ensurdecer ao som do calor das mãos vaidosas.
[Se Por aqui resolvo morrer
E n'outra cena sem tom
do sexo zombar
sem gosto ou prazer
Da fantasia o meu poder
e entre um palco e outro:
Ser & não ser.]
As mil poesias com meu nome e olhar, envaidecem-me.
E grito, e grito como quem desfaz do amor
E sem perder de muitas vidas,
troco meu nome, meu roteiro, meu glamour.
E não há sequer um fim de mim.
sábado, 30 de junho de 2007
A testemunha.
Sr Juiz, seríamos tão fortes quanto a chuva?Como ela segura-se tão forte no céu demorando-se para cair?
Sabe Sr Juiz o céu pode não ser tão infinito quanto se pensa.Pode ser sufocante e raso ,o céu também pode matar.
O céu costuma matar a chuva, não é de hoje que o faz.
E eu tenho medo,medo do céu.
E termino meu testemunho, alegando que o céu é culpado.
Sabe Sr Juiz o céu pode não ser tão infinito quanto se pensa.Pode ser sufocante e raso ,o céu também pode matar.
O céu costuma matar a chuva, não é de hoje que o faz.
E eu tenho medo,medo do céu.
E termino meu testemunho, alegando que o céu é culpado.
A bailarina infiel.
Danço e embriago vidas.
Salto e com o ar me iludo.
Pairo e sem sentir o corpo,
pouso confundindo o vento.
Sem sapatilhas
com os pés no chão
prometo ao fogo
uma conciliação
E se me impedires
desafiar o vento
trairei ao santos
como traio o tempo
E ao deslisar
sob céu desfeito
finalizo a dança
num passo imperfeito.
Salto e com o ar me iludo.
Pairo e sem sentir o corpo,
pouso confundindo o vento.
Sem sapatilhas
com os pés no chão
prometo ao fogo
uma conciliação
E se me impedires
desafiar o vento
trairei ao santos
como traio o tempo
E ao deslisar
sob céu desfeito
finalizo a dança
num passo imperfeito.
a carta da mulher que tenta.
Preciso escrever aqui, preciso escrever e inscrever.Fazer a mitose das letras tomando um simples café gelado e tudo pra mostrar que sou mais uma,mais uma que brinca com letras finas.
Esse jogo de palavras sem nenhuma conexão, só para impressionar você que não sabe da minha alma, da minha cor,do meu sabor.Eu que me limito em espírito e tom, meio torto,meio desafinado por vezes, tão alto que demancho seu vidro em cacos sinuosos e opacos como a sua voz .Som estático sobre os meus lençóis.Encontra um vegetal.Procura a carne.Encontra um vegetal.Mais uma carta aflita de uma mulher que por não ser a sua,lhe parece mais amável.Aumento o tom da voz,mas as letras continuam iguais.Não me perceba, quando percebe,aborrece-me.
Esse jogo de palavras sem nenhuma conexão, só para impressionar você que não sabe da minha alma, da minha cor,do meu sabor.Eu que me limito em espírito e tom, meio torto,meio desafinado por vezes, tão alto que demancho seu vidro em cacos sinuosos e opacos como a sua voz .Som estático sobre os meus lençóis.Encontra um vegetal.Procura a carne.Encontra um vegetal.Mais uma carta aflita de uma mulher que por não ser a sua,lhe parece mais amável.Aumento o tom da voz,mas as letras continuam iguais.Não me perceba, quando percebe,aborrece-me.
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