terça-feira, 28 de junho de 2011

congresso internacional para novos porcos e afins (exercício para um poema deitado)

menina não se esqueça de escovar os dentes podres que eu te dei antes de ir pra cama e ver seu pai foder a fada e enfiar a faca na geleia de amendoim que sai da sua boca tão pura tão seca não se esqueça de afogar o gato pra que o sapo venha e vire um príncipe bem jovem frio e calculista pra te cantar uma linda canção de guerra que fale de meninas e maçãs talvez de evas pra você dormir de bruços e acordar e morrer como faz todos os dias de manhã depois da primeira cicatriz depois de dar milho às galinhas de dentro do seu pequeno e jovem útero rosa onde você esconde suas pulgas e seus calafrios para o almoço que cozinha na varanda do galinheiro embaixo do porco que ri da sua dança do seu desespero de menina invadida.

Dieta para auto-deterioração das flores da cidade

cometa cidades,
ouça: (à)cidade respira
ácida deteriora e pinga
escorre/cida


suicidas modernas
as flores da cidade dilatada


Tudo podem naquele que se for.





quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

boca de ouro

o herói das gentes
carrega na boca o poema
da mocidade perdida
boca de ouro
sang'latino
como cão.

o herói das gentes
se curupira de verd'amarelo
samba a ferida de pé


o herói se macunaíma para o mundo
e desmunda tudo pelo lábio da mão



Soy loco por ti América
soy loco por ti mundocão.

Une chaise rouge


Uma cadeira vermelha
sentada na beira de mim
enxerga com veias
o subsolo da pele
a cadeira beira o movimento
mas silencia o passo


(,)
quieta estanca suas unhas sobre o chão.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Alice Maravilha

Alice da cidade maravilha
menina veneno
do mundo pequeno
seus braços estão abertos demais.

Alice maravilha
menina do morro
da toca
do vento
do sonho de vento.

Alice maravilha, teu terreiro, teu delírio.
Alucina-me.

Me desfaço dos aplausos
das luzes e da ação

a voz
a maquiagem
o texto escorreu 

e o artista da fome morreu de tédio.
Sentada na cidade
percorro seu corpo
suas curvas
sua pele cinza, dura.
Cidade que escorre
concreta de ser.
Células mortas
pela calçada
flutuantes delírios.
Escuto de longe a sua dor
preencho de asfalto seus poros abertos.

Como criar para si a cidade sem órgãos?
Da barriga pouco prenha
nasceu Maria Flor:
pequena de corpo
não fazia tamanho

Quando nasceu Maria Flor
não respirei sete dias
sete noites não comi
esqueci o sonho

Nasceu sem choro
mergulhou no mundo torto
deu de cara no chão:

Maria Flor ainda não sabia voar.