domingo, 17 de fevereiro de 2013

flor-do-cerrado



Tenho uma coragem enorme
 sou mulher

Tenho um medo enorme
sou menina feita
da violência do parto rasgado
dos seios de pingos escassos

Tenho uma coragem enorme
de fêmea maldita
de vaca profana com tetas mordidas

Tenho uma violência enorme
que carrego entre os dentes

Todo medo e coragem do mundo
carrego entre as pálpebras
entre mães-coragem
entre mães com medo
que gotejam
que escorrem
escassas


 [da violência dos genes, dos territórios, da violência que herdamos]

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